O Homem-Aranha é um dos super-heróis mais populares da banda desenhada, com diversas adaptações para o cinema, televisão e videojogos, incluindo vários spinoffs da história principal. Teve a sua primeira aparição em 1962, na banda desenhada “Amazing Fantasy #15”, na era prateada da BD.
A primeira história do Homem-Aranha foi originalmente planeada como uma experiência única e quase não chegou a ser impressa. “Martin Goodman não queria publicá-lo”, lembra Stan Lee, criador do super-herói. Goodman estava convencido de que os leitores achariam desagradável falar em aranhas. Felizmente, e após ter sido protagonizado na capa da 15ª edição da série “Amazing Fantasy”, a reação do público foi muito positiva. O novo super-herói trazia algo original ao universo da Marvel. Enquanto os Fantastic Four discutiam entre si, o Hulk e o Thor tinham problemas com os seus alter egos, o Homem-Aranha parecia ser mais humano, dependia de si mesmo, com problemas comuns a qualquer mortal, com os quais os leitores se identificaram.
A história contava a vida de Peter Parker, um estudante do secundário com uma personalidade introvertida, isolado e impopular, que tinha perdido os pais após um misterioso acidente de avião. Com uma vida social e económica complicada, foi deixado ao cuidado dos seus tios. É já na sua adolescência que Peter visita uma Feira de Ciência, onde é picado por uma aranha que recebe acidentalmente uma elevada dose de radiação. Mais tarde, em alguns reboots, esta história é ligeiramente alterada. A Feira de Ciência é, afinal, um laboratório da Oscorp Industries, e a aranha é um produto de uma experiência genética. Peter é igualmente picado por esta aranha radioativa e, em todas as versões da história, é neste momento que a sua vida se altera.
A picada da aranha confere-lhe uma força sobre-humana, além das capacidades intrínsecas do inseto, como trepar paredes e ultra agilidade. Na privacidade do quarto, costura o seu primeiro uniforme de super-herói e usa o seu conhecimento científico para construir dispositivos mecânicos que ejetam teias. Nesta altura, Peter está pouco interessado em combater o crime. A sua atenção passa por ganhar dinheiro para ajudar os seus tios. Disfarçado de Homem-Aranha, torna-se num lutador profissional de Wrestling, demonstrando as suas habilidades na televisão. A certa altura, ele ignora um assalto, sem se preocupar em parar o ladrão em fuga. A sua indiferença ironicamente regressa para o atormentar, quando o mesmo criminoso, mais tarde, rouba e mata o seu tio Ben. Eventualmente, o Homem-Aranha subjuga o assassino, mas para um choroso Peter Parker, não há paz. Com um sentimento profundo de culpa, Peter recorda uma das frases do tio, “Com um grande poder, vem uma grande responsabilidade”, e decide por as suas novas capacidades em prática para combater o crime.
Durante a fase de transformação em super-herói, Peter Parker desenvolve o lançador de teias, para uma versão mais adaptada à sua nova atividade, e idealiza o primeiro fato clássico azul e vermelho de Homem-Aranha, que o identificaria daí para a frente.
É neste contexto que surge Marvel’s Spider-Man, um jogo de ação e aventura em mundo aberto, criado pela Insomniac Games, parceira da PlayStation em séries como “Ratchet & Crank” e “Resistance”, em colaboração com a Marvel e a Sony.
O jogo decorre num vasto mapa que reproduz toda a cidade de Nova Iorque e a ilha de Manhattan, onde o Homem-Aranha baloiça entre os prédios, reproduzindo a emocionante ação vista nos filmes. Nesta adaptação, Peter utiliza gadgets de alta tecnologia e técnicas de artes marciais enquanto enfrenta os supervilões mais famosos da saga.
Com uma área de jogo impressionante, o enorme mapa oferece inúmeras localizações para explorar, como edifícios icónicos e monumentos fielmente reproduzidos, ruas e parques famosos e uma série de atividades interativas. Marvel’s Spider-Man inclui ainda itens para colecionar, e várias side-quests e mini-jogos que complementam a história principal do jogo.
Com uma vertente clássica de RPG, a árvore de habilidades oferece vários caminhos de progressão possíveis, tornando única cada experiência de jogo. Além disso, também é necessário recolher vários elementos para desbloquear novos itens. Marvel’s Spider-Man introduz um Homem-Aranha original, com uma história completamente nova, mantendo ainda assim alguma da tradição da banda desenhada e das sucessivas adaptações para o cinema.
O novo Peter Parker pode ser um super-herói que enfrenta o mal, com poderes sobre-humanos, mas também sofre com os problemas da sua vida pessoal, como a relação com a sua ex-namorada, amigos e família, é consciente da sua reputação social, tem de pagar a renda do seu apartamento, e vive preocupado com o trabalho. Esta dualidade, entre ser o Homem-Aranha e manter a sua vida como um jovem adulto, não se revela apenas na história, é sentida no próprio jogo, onde também nos é pedido para completar várias missões com diversas personagens do mundo de Peter Parker.
Ao longo da história, somos desafiados a encarnar a pele de Peter Parker no seu dia-a-dia, mas também a de outras personagens que lhe são próximas. Como Homem-Aranha, somos confrontados com alguns dos supervilões mais carismáticos do universo Marvel, como Mister Negative, Shocker, Taskmaster, Black Cat e Electro, entre muitos outros que não vamos revelar.
A nova história introduz uma realidade um pouco diferente das adaptações anteriores. Peter tem 23 anos, é assistente de laboratório, enquanto Mary Jane (que terminou uma relação com o nosso herói há seis meses) é repórter do Daily Bugle. Norman Osborn é Mayor da cidade de Nova Iorque e a tia May trabalha num abrigo com Martin Li. Em Marvel’s Spider-Man, Peter Parker é já um experiente Homem-Aranha, que combate o crime há oito anos, colocando-o à frente de todas as adaptações do super-herói para o cinema.
CAMPANHA
Ao longo da campanha descobrimos que alguns dos vilões que tinham sido capturados pelo Homem-Aranha, fugiram da prisão, e trabalham agora em equipa sobre a alçada de um misterioso líder. Não vamos revelar mais detalhes para que não percas a curiosidade em descobrir a história deste novo Peter Parker.
A campanha principal é um pouco previsível, e rapidamente percebemos quem iremos enfrentar a seguir, ou que personagem secundária iremos em breve controlar. Na tentativa de introduzir o maior número de vilões e personagens, algumas não foram totalmente aproveitadas ficando descartadas para segundo plano. Quase parece que um supervilão, muitas vezes caracterizado como personagem principal de uma história com o Homem-Aranha, aqui não passa de um simples capanga que temos de enfrentar uma única vez. É o caso de Electro, um dos principais vilões históricos da saga, que enfrentamos uma vez, sem criar grande impacto no desenvolvimento da história. No entanto, a Insomniac não poupou a esforços para entreter o jogador, e com tantas atividades paralelas para realizar na cidade, a longevidade não é um problema.
O Homem-Aranha passa muito tempo ao telefone. Além de ser uma forma original de contar a história, faz com que o nosso herói não tenha de estar em constante deslocação para receber informações. Se no inicio achámos a ideia divertida, ao longo do jogo passa a ser uma obrigação, não permitindo avançar as sequências das missões enquanto não ouvirmos todas e quaisquer conversas do Homem-Aranha com a Mary Jane, a tia May, o professor Otto, a capitã Yuri Watanabe, Miles Morales e até a mercenária Silver Sable. Se, por outro lado, recebermos um telefonema enquanto passeamos pela cidade, fora de uma missão, podemos interromper o telefonema a qualquer momento, voltando à conversa assim que estivermos disponíveis. Um bom detalhe.
JOGABILIDADE
Quem já assistiu a um dos filmes do Homem-Aranha, certamente já se imaginou a vestir a pele do super-herói enquanto baloiça pela cidade. Um dos destaques de Marvel’s Spider-Man é essa liberdade de movimentos, que reproduz fielmente a sensação de baloiçar entre prédios, na espantosa recriação da cidade de Nova Iorque que a Insomniac nos apresenta neste jogo. Jon Paquette, lead writer de Marvel’s Spider-Man, confidenciou-nos que esta característica transmitia uma sensação terapêutica para a equipa, que chegava a passar horas simplesmente a baloiçar entre prédios, sendo esta uma das suas atividades preferidas, e nossa também!
Gostámos especialmente da introdução da música assim que o Homem-Aranha começa a baloiçar nas teias, o que torna toda a experiência muito mais agradável. Um simples toque de originalidade que transforma toda a experiência de movimento pela cidade num momento épico.
O sistema de controlo de movimentos é bastante simples e semelhante ao utilizado em adaptações anteriores. Basta pressionar um botão do comando para lançar uma teia, que se prende automaticamente num prédio. Para largar a teia, basta soltar o botão, fazendo elevar o Homem-Aranha no ar. Repetindo este processo, conseguimos deslocar-nos a grande velocidade, sempre com movimentos graciosos e naturais. Depois de ganharmos alguma prática, podemos introduzir algumas acrobacias, o que torna tudo muito mais divertido!
Para alguns jogadores este pode parecer um sistema demasiado simples e entediante, mas com a prática é possível realizar manobras de alta velocidade, que complementadas pelo amplo conjunto de movimentos disponível, parece-nos mais do que suficiente para não se tornar monótono. Aliás, pode até ser divertida a forma como o Homem-Aranha se movimenta pela cidade, com acrobacias artísticas, reflexos no último segundo, acelerações espantosas e até com alguns comentários divertidos do próprio Homem-Aranha, quando nos atrasamos para uma missão ou esbarramos num poste. Na verdade, toda a cidade é um parque de diversões para o Homem-Aranha, que pode deslocar-se entre edifícios, árvores, postes de iluminação e até viajar no tejadilho de um carro. Se cairmos na água, não há problema! Ao contrário de muitos jogos, onde a água representa a morte certa, aqui, o Homem-Aranha é capaz de nadar e saltar para agarrar a primeira parede disponível.
Esta simplicidade de movimentos também foi aproveitada nas missões. Exemplo disso, são as perseguições a grupos criminosos que fogem de carro. Sem percursos predefinidos, o jogo permite-nos chegar aos criminosos da forma que preferirmos, fazendo uso das opções de movimento disponíveis num mapa totalmente aberto. Algumas destas técnicas de movimento podem ser muito divertidas, e em cenas de perseguição mais tensas há uma sensação de imersão que une o jogador à personagem.
COMBATE
Além do movimento, as teias são também importantes no sistema de combate. Com elas é possível prender e/ou puxar oponentes na nossa direção, assim como disparar rajadas rápidas que imobilizam os adversários temporariamente. Existem algumas variações à teia tradicional, que, se usadas corretamente, garantem alguma vantagem tática, como são o caso das minas laser e as teias de impacto, entre outras que terás de descobrir. No entanto, estas habilidades não são infinitas. As teias esgotam-se, e é necessário esperar algum tempo até que recarreguem automaticamente.
O sistema de luta corpo a corpo não é novo para jogos do mesmo género. Ao pressionar o botão de ataque no comando, podemos aplicar vários tipos de socos e pontapés, com um sistema de mira determinado pelo oponente que estiver mais próximo. Ataques consecutivos levam a combos que, além de serem mais atrativos visualmente, aplicam mais dano em rápida sucessão. No caso de estarem presentes vários inimigos na mesma zona, nem sempre o Homem-Aranha ataca aquele que gostaríamos, ou usa a habilidade que tínhamos em mente. Por vezes a câmera de jogo e o próprio ambiente também podem por em causa a fluidez da ação, prendendo adversários em posições estranhas e até mesmo bloqueando os movimentos do Homem-Aranha.
SENTIDO ARANHA
O “sentido aranha” não foi esquecido nesta adaptação, e uma vez sinalizado com uma aura branca em volta da cabeça do Homem-Aranha, é possível evitar um golpe iminente, graças, é claro, aos incríveis reflexos aracnídeos do nosso herói. Para combater os inimigos de perto o “sentido aranha” entra em ação, uma vez que sinaliza a trajetória das balas inimigas com linhas brancas, antes mesmo destas serem disparadas. O perigo de cada tiro pode ser medido pela cor da linha, sendo a linha vermelha a mais perigosa. A decisão de esquivar-se das ameaças fica inteiramente a cargo do jogador, que pode optar por sofrer algum dano em situações de baixo risco, para ser capaz de desferir golpes em momento chave das batalhas. Se usada corretamente, esta habilidade torna o Homem-Aranha quase intocável e confere-lhe algumas semelhanças extra à forma como se movimenta nas adaptações para o cinema.
Algumas técnicas de combate podem ser desbloqueadas ou melhoradas na árvore de habilidades, a troco de pontos que são ganhos durante a evolução no jogo. Além disso, também podem ser adquiridos novos gadgets, com a progressão na história, como são o caso dos spider-drones, que procuram inimigos, a teia de impacto, que pode prender adversários à parede, ou a mina laser que prende um inimigo quando é ativada. Este último gadget pode ser bastante divertido, se usarmos no corpo de um adversário. Este fica confuso, sem saber o que fazer e, em última instância, acaba por ativar a armadilha, por vezes imobilizando dois inimigos de uma só vez.
MODO FURTIVO
Se a luta corpo a corpo não for opção para ti, podes desenvolver habilidades de disparo de teias a longa distância, assim como algumas técnicas furtivas, que te vão dar algum tempo extra antes de seres detetado pelos inimigos. Em Marvel’s Spider-Man, existe uma grande componente stealth (modo furtivo). Aqui, é possível atacar inimigos de forma surpresa, a partir de condutas de ar condicionado, ou isolá-los um a um, e eliminá-los quando não estiverem a ser vistos por terceiros. Esta opção confere alguma versatilidade na forma de realizar missões, não podendo, no entanto, ser usada em lutas contra supervilões. Também somos apresentados a este sistema de luta nas missões em que encarnamos outras personagens, sendo necessário utilizar iscos e distrações para avançar no mapa.
Se as lutas com os inimigos podem ser bastante divertidas, cheias de ação e até originais, tanto na forma como o Homem-Aranha luta, como na reação dos inimigos ao teu estilo de jogo, o que nos pareceu algo positivo em Marvel’s Spider-Man, já os confrontos com os supervilões são entediantes, repetitivos e sem originalidade. Basta percebermos qual a sequência de ataque dos supervilões, para conseguirmos vencê-los facilmente, repetindo o mesmo número de movimentos até chegarmos ao próximo cinematic, onde o vilão, muda de estratégia de ataque, foge ou é derrotado.
Outro aspeto que nos deixou desiludidos foram as skins dos inimigos mais básicos, que são todas muito semelhantes, não diferenciando o aspeto físico entre eles, dando a impressão que estamos a enfrentar o mesmo grupo de inimigos várias vezes ao longo da história, sem que nada mude, a não ser a arma que têm na mão, ou eventualmente um colete.
FATOS
Para decidir o modo de luta preferencial, a escolha do fato utilizado é muito importante, e a Insomniac introduziu dezenas deles no jogo. Se no inicio muitos dos fatos estão bloqueados, com o decorrer do jogo, é possível adquiri-los com a troca de fichas que são colecionadas após a conclusão de várias missões paralelas, onde a grande maioria só está disponível a partir de um certo nível de experiência do jogador.
Alguns fatos têm características únicas, como Maior Resistência ao Dano ou a criação de Hologramas. Se juntarmos ao nosso fato preferido uma combinação de habilidades que nos faça sentido, podemos criar o fato ideal, completamente ajustado ao nosso estilo de jogo. Com uma enorme lista de habilidades disponíveis para desbloquear, é possível combinar até três habilidades por fato, desde Maior Velocidade, À Prova de Bala ou Invocar Apoio, entre outras, podes construir o fato com que mais te identificas.
BARRA DE FOCO
Uma característica do sistema de combate em Marvel’s Spider-Man é a inclusão de uma Barra de Foco, que pode ser carregada por cada golpe bem executado. Quando esta barra estiver cheia, é possível ativar uma habilidade especial de luta ou de recuperação. A habilidade de luta permite derrotar um inimigo com um único golpe. A habilidade de recuperação permite recuperar a barra de saúde do Homem-Aranha. Este é um sistema que privilegia a tomada de riscos e premeia os jogadores que evitam ataques inimigos.
O HOMEM-ARANHA É PORTUGUÊS?
Podia ser, mas Peter Parker é um jovem americano que fala português! Ele, e todas as personagens do jogo! Algumas até têm sotaque, o que torna tudo muito mais divertido. A versão portuguesa de Marvel’s Spider-Man tem pouco a apontar, as interpretações estão bem conseguidas e obviamente aplaudimos o esforço feito pela PlayStation Portugal em manter as versões localizadas em português dos seus principais lançamentos.
Tiago Teotónio Pereira foi a voz de Peter Parker, com uma interpretação imaculada, Mafalda Luís de Castro conseguiu dar emoção a Mary Jane, sempre preocupada com Peter Parker e ao mesmo tempo muito dedicada ao seu trabalho, enquanto Jani Zhao interpretou a capitã Yuri Watanabe, séria e profissional, com um toque de humor nas alturas certas.
Se as interpretações das personagens principais foram muito boas, tirando eventualmente algumas passagens desnecessárias no script, como o excesso de expressões como “porra” ou “tipo”, reparamos que alguns nova iorquinos na rua não falam português, quando alguém chama um Táxi, ou em algumas vozes de fundo, mas não é algo frequente ou grave, e até acaba por tornar a experiência mais realista. Afinal, em todas as cidades há turistas!
Os textos que acompanham os menus estão também bem escritos e traduzidos para a língua portuguesa.
Existe uma particularidade importante. A língua utilizada na consola define a língua no jogo, sendo por isso necessário utilizar a PS4 na língua portuguesa para poder ler e ouvir a versão localizada. Algumas pessoas podem desconhecer a versão portuguesa do jogo, se utilizarem a consola noutra língua.
Por fim, deixamos-te uma dica. Quando terminares a história, não saias de frente da consola. Não vais querer perder a surpresa que o jogo tem para ti no fim dos créditos.
VEREDITO
Os primeiros minutos de Marvel’s Spider-Man são muitos impressionantes do ponto de vista técnico. Demos de caras com cenários que parecem retirados do filme Homem-Aranha de 2002, construídos de forma a permitir movimentos em quase todos os elementos da paisagem, como fachadas de prédios, antenas, postes, varandas e beirais.
Em Marvel’s Spider-Man, o nosso herói Peter Parker, transforma-se em Peter Parkour, com uma agilidade impressionante, movimentos fluidos e naturais, que se encaixam perfeitamente no cenário. Já falámos da cidade de Nova Iorque, mas não nos cansamos de elogiar o detalhe das construções e a forma como a Insomniac introduziu várias missões e side-quests para divertir o jogador.
Existiu uma clara preocupação em homenagear o legado da saga Homem-Aranha. A história inova na utilização das personagens e merece louvores por resistir à colagem aos mais recentes filmes da franquia. É também divertida, mesmo mantendo alguns clichés característicos das historias aos quadradinhos. Os vilões, embora nem todos aproveitados ao máximo, estão presentes em grande quantidade, e quase todos apresentam melhorias nos fatos e utilização dos poderes.
Apesar de todas as suas qualidades, Marvel’s Spider-Man é por vezes um pouco exagerado! Muitas missões, muitas fichas para colecionar, muita conversa durante as lutas, muito para desbloquear, muitos ícones no ecrã… algo que o torna repetitivo logo nas primeiras horas de jogo, principalmente devido ao enorme despejo de informação. Além disso, alguns detalhes podem, às vezes, estragar a experiência de jogo, como perder uma missão porque ficamos presos num contentor do lixo (o maior inimigo das aranhas, como todos sabem) ou oponentes que ficam encravados em elementos do mapa. A versão portuguesa está sublime, à exceção de algumas bengalas linguísticas usadas em exagero, como os muitos “porra” ou “tipo”.
Com alguns detalhes melhorados estaríamos perante uma obra-prima com estatuto garantido de clássico. Neste momento, Marvel’s Spider-Man é um bom jogo, num mundo aberto, com um cenário incrível, e uma dose perfeita de humor e ação. Marvel’s Spider-Man garante horas intermináveis de diversão, com novas atividades ao virar de cada esquina, momentos terapêuticos enquanto viajamos pela cidade ao pôr do sol, a surpresa de receber um telefonema da Mary Jane, ou até aquele comentário mais cómico que ainda não ouvimos. É definitivamente um jogo que iremos continuar a jogar muitas e muitas vezes.
Uma cópia de Marvel’s Spider-Man foi gentilmente cedida pela PlayStation Portugal.