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A espera terminou! A muito aguardada expansão para Final Fantasy XIV chegou com Endwalker, a quarta continuação que termina o arco principal do maior mmorpg da Square Enix, e um dos maiores do mundo dos videojogos, com cerca de 24 milhões de utilizadores registados. Endwalker chega dois anos depois da anterior adição Shadowbringers, e marca também o fim do confronto entre as forças de Hydaelyn e Zodiark, que começou no já longinquo ano de 2013.

Endwalker chega atrasado no seu lançamento devido à pandemia, com a promessa de algumas novidades importantes. Uma boa notícia que os fãs do RPG mal podiam esperar. Com a introdução de uma nova raça jogável, duas novas classes (Sage e Reaper), novas áreas para explorar, uma nova secção da questline, novos mounts para colecionar, e até o aumento do limite máximo do nível de jogador para 90… acho que não temos de explicar a razão da expetativa dos fãs!

Mas será que Endwalker está ao nível esperado? A história terá uma continuação à altura? E as novidades encaixam no que já existia? Para responder a estas e a outras perguntas, fomos pegar no nosso equipamento mágico, carregámos a mana, e partimos à descoberta de Final Fantasy XIV: Endwalker.

Análise Final Fantasy XIV: Endwalker

É obvio que a esta altura Final Fantasy XIV (FFXIV) já é uma gigantesca aventura online, com uma impressionante comunidade, e seria difícil expormos todo o seu conteúdo apenas numa analise. Por outro lado, separar a atualização do seu jogo principal parece quase impossível, porque uma coisa depende inteiramente da outra. Além disso, são necessárias imensas horas de jogo até poder experimentar todo o novo conteúdo que Endwalker acrescenta, seja pelas exigências de nível, ou pela sua imensa variedade. Como tal, vamos abranger as nossas primeiras dezenas de horas dentro da expansão, e talvez um pouco mais do mundo mágico que pudemos experimentar.

Já disponível desde o passado dia 7 de dezembro, tivemos a oportunidade de jogar Final Fantasy XIV: Endwalker um pouco antes do seu lançamento final, graças à fase de Early Access, embora nem sempre tivéssemos slot disponível no servidor – a realidade é que a grande afluência de jogadores criou longas listas de espera, que por vezes chegaram aos 8 mil jogadores na fila. Esta situação fez atrasar a entrada no jogo por longos minutos, por vezes horas.

Esperar para entrar em servidores públicos não é uma novidade, nem é expectável que deixe de existir nos próximos anos, especialmente durante os primeiros dias de um lançamento. Mesmo que FFXIV não seja propriamente ‘novo’, também sabemos que a afluência é muito superior nas primeiras horas depois de chegar uma nova expansão, voltando à normalidade poucos dias depois. Como tal, decidimos não apontar demasiado o dedo à Square Enix por esta situação, mesmo que preferíssemos que não existisse. Com alguma paciência, lá entrámos no servidor e conseguimos tirar o pó às armas.

Enorme Narrativa

A história é uma parte muito importante de FFXIV, talvez mais do que em outros RPGs online do seu género. Como já referimos, Endwalker promete um final para a trama principal de Final Fantasy XIV, e como tal é uma temática impossível de evitar. Sem grandes spoilers, vamos tentar resumir em que parte do jogo encontramos esta expansão e um pouco do que por aí vem.

Prólogo – Depois dos acontecimentos de Shadowbringers, o Garlean Empire está dividido por uma enorme guerra civil. Deste caos surgem os Telophoroi, um grupo liderado pelo príncipe Zenos yae Galvus e o seu aliado Fandaniel, decididos a reviver um ‘Juízo Final’ que já quase acontecera no passado distante. Para isso, precisam de erguer torres demoníacas um pouco por todo o lado.

Como heróis, podem adivinhar que a nossa tarefa será impedir este plano, mas a tarefa não se adivinha fácil. Para além de controlarem a mente de qualquer pessoa que se aproxime, as torres ainda invocam terríveis monstros para as defender. – Fim do Prólogo Tchamm…

Apesar desta tenebrosa ameaça, a história de Endwalker começa relativamente calma. As primeiras (cerca de) 10 horas concentram-se principalmente na introdução de novas áreas e personagens, alguns momentos de comédia, e no processo de conhecer novos aliados NPC. Apenas depois da primeira dungeon (masmorra), é que a história começa a ganhar força, e que força!!

Não vamos revelar grandes detalhes para não estragar toda a experiência, mas podemos dizer que algumas das perguntas que ficaram sem resposta durante tanto tempo, finalmente recebem explicações, e alguns dos personagens favoritos dos fãs têm agora uma nova hipótese para brilhar. Afinal de contas, esta história já começou há dez anos, muita coisa já aconteceu, e colocar tudo em ordem parecia difícil. A Square Enix fez tudo o que podia para que funcionasse, mas talvez se tenha esquecido de colocar um vilão à altura de tudo o que estava a acontecer, e esse é outro dos detalhes a apontar. Os plot twists na história às vezes podem ser percebidos como confusão a mais, mas talvez sejam estes os riscos dos dias de hoje, tudo isto para uma história ainda parecer surpreendente.

Felizmente, de um ponto de vista geral, achamos que a história parece ter ido na direção certa. Depois das revelações de Final Fantasy XIV: Shadowbringers, era necessário dar uma conclusão logica à narrativa, e ao mesmo tempo, conseguir ser imprevisível o suficiente para ainda despertar o interesse dos jogadores. Para além de tudo o resto (jogabilidade, mecânicas, etc…), a história acaba por ser o grande protagonista de FFXIV, e na nossa opinião, Endwalker conseguiu finalizá-la de forma convincente.

Muita Classe

Embora tenha introduzido novidades e alguns pequenos rebalanceamentos, a jogabilidade base de Endwalker ainda mantém as mesmas características das aventuras anteriores. Para desbloquear novas habilidades e conteúdo, temos de avançar nas missões principais, e nas missões especificas para certas classes. Entre essas missões, podemos ir completando tarefas secundárias, para além de ultrapassar dungeons e trials, onde lutamos contra bosses. Apesar de simples, achamos que esta fórmula funciona, e se não está partido, porquê mudar?

Dentro do equilíbrio de classes e habilidades (nem todas adicionadas com Endwalker), destacam-se algumas alterações importantes, que podemos referir, mas apenas de forma muito resumida para não estragar a surpresa.

Na classe Warrior por exemplo, a Square Enix quis apostar na simplificação, e algumas das habilidades já não são tão dispendiosas para ativar. Para além disto, utilizar ataques com grande alcance já não quebra os combos, o que permite continuar a esquivar de ataques sem penalizações. Talvez a principal diferença passe pela adição de cura em algumas das suas habilidades principais (como Raw Intuition), o que torna a classe muito mais agressiva de jogar, ao estilo ‘berserker’, onde sentimos que podemos levar tudo à nossa frente.

O Summoner foi totalmente redesenhado ainda antes do lançamento de Endwalker, mas tem agora a sua primeira expansão neste novo formato. Antes altamente dependente de pets, e apenas com ataques de dano aplicado ao longo do tempo, é agora capaz de ativar ataques devastadores, e efeitos especiais por área baseados em cada summon anterior. Sempre com curtos delays entre casts, esta é uma classe que se tornou numa boa opção para veteranos e novatos.

Novidade com Endwalker são as classes Reaper e Sage.

A primeira (Reaper) define-se por um estilo melee de dano (DPS), que como o nome pode indicar, anda equipada com foices e acompanha-se de um ser demoníaco que auxilia nas batalhas. O conceito de jogo principal do Reaper é cortar os inimigos com a foice, e colher as suas almas. Uhhh.. que susto! Depois de reunir almas suficientes, podemos alimentá-las ao ‘Voidsent Avatar’, para realizar ataques devastadores. Inicialmente mais difícil de controlar, a classe Reaper rapidamente mostra-se muito móvel e poderosa, com um estilo que lembra ligeiramente a saga Devil May Cry. Uma adição bem-vinda, portanto.

Já a classe Sage, mostra-nos um estilo um pouco diferente do que vimos até agora em FFXIV, e mesmo em outros jogos da saga. Em vez de utilizar poderosas magias ou infligir ataques que dificultam o status, o Sage é um healer de barreiras (mais próximo do Scholar, talvez), e utiliza os seus nouliths para curar. Este é o quarto healer a ser adicionado ao jogo, e faz companhia a White Mage, Scholar e Astrologian. Esta é também uma classe um pouco mais difícil de dominar, principalmente porque as suas habilidades de bloqueio dependem de alguma capacidade de antecipação por parte do jogador.

Dança de Habilidades

Todas estas mudanças nas classes e habilidades serão úteis nas batalhas que chegam com a expansão, uma vez que os inimigos e Bosses das dungeons e Trials de Endwalker puxam todos os limites da aventura. Aparentemente mais exigentes do que antes, testam os jogadores em todas as mecânicas que aprenderam ao longo das expansões anteriores de Final Fantasy XIV, e ainda trazem novas e velhas mecânicas de maneiras inovadoras, tudo isto para tentar apanhar os veteranos desprevenidos.

Em particular os Bosses da primeira dungeon, são um bom exemplo disto. Eles utilizam todos os tipos de ataques por área (AOE), e mesmo efeitos de status, para confundir os sentidos do jogador. Felizmente, são apresentados com dicas visuais subtis que dão aos jogadores pistas sobre como lidar com eles. Depois de descobrirmos como funcionam, estas lutas tornam-se em danças de habilidades que são muito divertidas de dominar.

Ambientes Marcantes

Ao longo da aventura, os jogadores são encorajados a explorar novas áreas e, para dizer o mínimo, as de Endwalker não falham em falta de diversidade. Entre Sharlayan que serve de capital para esta expansão, e a sua arquitetura inspirada na Grécia Antiga, a região de Thavnair e as suas cores que remetem à cultura indiana, ou as ruínas do Império de Garlemald, e o seu clima gélido, há sempre algo para fazer ou ver. Graças a uma orientação artística particularmente cuidada, cada zona expele uma aura única, que nos faz esquecer a parte técnica já algo antiquada do jogo. Por fim, mas não menos importante, estas regiões são ainda mais agradáveis de explorar quando são acompanhadas pela música de Masayoshi Soken, que mais uma vez oferece composições de alto nível.

Para aproveitar os novos ambientes, Endwalker inclui novos tipos de missões que trazem um pouco mais de variedade ao trajeto clássico da aventura. Agora temos mais vezes a companhia de um personagem NPC até uma área específica. Ao longo do caminho, é possível falar um pouco com ele, ou saber mais sobre a tarefa em questão. Um pequeno detalhe com toda a graça.

Depois há missões que assumem a forma de uma sequência de infiltração (stealth) simplificada, em que apenas temos de nos esconder atrás dos elementos para não sermos localizados. Obviamente, este tipo de conteúdo não é nenhuma revolução, mas permite mudar um pouco as atividades a que estamos habituados a repetir vezes sem conta. À data desta analise ainda não pudemos testar o novo raid de grupo Pandaemonium, que apenas fica disponível no dia 21 de dezembro. Tendo em conta o historial do jogo, e a nossa experiência com a expansão até ao momento, certamente que estará à altura da expetativa.

Conclusão

Endwalker não é fácil! Não só exige um nível elevado de jogo, também as novas raças, inimigos e dungeons mostraram-se exigentes, mas justas – a dificuldade acompanha a evolução do jogador! Tudo acabou por encaixar nas nossas expetativas. Não procurávamos uma expansão fácil de dominar. Final Fantasy XIV pode ser jogado pelos jogadores mais hardcore, intensos, com 4 braços e macro frenziers decididos a espremer todo potencial do seu personagem, mas também há imenso espaço para os jogadores mais casuais, que ainda assim gostam de vencer.

A história começa lenta, mas rapidamente aumenta de ritmo, as masmorras e as secções a solo são envolventes, e as novas classes Reaper e Sage trazem ainda mais diversidade à jogabilidade.

É claro que FFXIV também tem defeitos, seja no seu grafismo já menos impressionantes em certos momentos, para os dias de hoje, ou algum atraso em certos movimentos, mas nenhum destes problemas pode ser diretamente associado à expansão, mas sim ao jogo base lançado em 2013.

A incrível mecânica de jogo nas novas masmorras, a banda sonora de Masayoshi Soken e os visuais impressionantes das animações, juntam-se a uma história envolvente para consolidar o lugar de Final Fantasy XIV como um dos melhores FF, e um dos maiores MMORPGs de todos os tempos.

[Análise baseada na versão de Final Fantasy XIV: Endwalker para PC, gentilmente cedida pela Square Enix]