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Final Fantasy XIV: Dawntrail finalmente chegou, e com ele a oportunidade de nos aventurarmos mais uma vez no mundo de Eorzea. Desenvolvida e publicada pela Square Enix, esta expansão promete levar os jogadores a conhecer novas terras, enfrentar desafios emocionantes, subir o nível máximo de 90 para 100, e ainda introduzir visuais renovados. Com tantas promessas, não podemos negar que Dawntrail é certamente uma das expansões mais aguardadas dos últimos tempos, mas será que está à altura das expectativas?

Em 2021, Final Fantasy XIV (FFXIV) concluiu o seu primeiro grande arco narrativo com o lançamento da expansão Endwalker. Mais de dois anos e meio depois, o MMORPG principal da Square Enix entrou agora numa nova era com Dawntrail, a quinta adição que herda a enorme responsabilidade de servir de continuação a uma expansão adorada quase universalmente e também de reavivar o interesse dos jogadores para a próxima década. A pressão foi demasiado alta ou a Square Enix não sabe falhar?

Para saber a resposta a esta e a outras perguntas entramos novamente no mundo Eorzea, e mergulhamos nas quase 50 horas de conteúdo adicional que esta expansão proporciona.

Análise Final Fantasy XIV: Dawntrail

Como sempre temos feito neste tipo de análises, vamos focar-nos principalmente no novo conteúdo, mas é inevitável falarmos de algumas das principais características que fazem de FFXIV um dos MMORPG mais jogados da atualidade. Para isso, convém introduzir primeiro algumas das razões para Dawntrail ser tão esperado pela comunidade.

Apesar de ter tido um lançamento desastroso em 2010, Final Fantasy XIV conseguiu afirmar-se como um dos melhores MMORPGs do mercado depois de uma reformulação completa em 2013, na altura intitulada de “A Realm Reborn”, e liderada pela equipa de Naoki Yoshida.

Desde então, o jogo tem sido constantemente atualizado com patches e expansões, celebrando já mais de dez anos desde este seu ‘segundo lançamento’.

Em 2021, Endwalker encerrou a primeira grande saga de FFXIV, cuja história começou uma década antes, com uma conclusão elogiada pela crítica (incluindo aqui na Actigamer) e também pelos jogadores. Enquanto o futuro do título permanecia misterioso, Dawntrail foi finalmente anunciado em 2023 como a quinta expansão do MMO, que finalmente chegou agora neste verão de 2024. Com tudo isto, é seguro dizer que a pressão estaria sempre alta para esta nova aventura.

Após completar a história principal, durante e após o acesso antecipado, podemos revelar (sem spoilers) o que achamos da campanha de Dawntrail.

A história que cresce… MUITO lentamente

Pode dizer-se que a história é o foco principal desta nova expansão Dawntrail, mas ao contrário do que estávamos habituados, esta começa demasiado lenta e não nos prendeu imediatamente. A escrita também parece algo preguiçosa em algumas partes, pelo menos na nossa opinião, mas… vamos por partes.

Depois de salvarmos o mundo em Endwalker, o nosso Guerreiro da Luz e os seus amigos encontram Wuk Lamat, uma Xbr’aal que por coincidência também é princesa de Tuliyollal, a capital do novo continente chamado Tural.

Wuk pede a ajuda do nosso herói para participar no “ritual de sucessão”, uma competição organizada pelo rei Gulool Ja Ja (quase era Jar Jar Binks) para encontrar o seu digno sucessor antes de abdicar do trono. A jovem Xbr’aal terá de recuperar gemas espalhadas por todo o continente de Tural para aceder à lendária cidade de ouro e reivindicar o trono. No entanto, ela não está sozinha na competição, pois terá de enfrentar os seus irmãos Zoraal Ja e Koana, bem como Bakool Ja Ja, o campeão do último torneio local.

Até aqui tudo bem, ou talvez! É discutível se conseguimos ficar interessados na sucessão ao trono de um personagem que acabamos de conhecer, sobre um país que nunca vimos, e num continente totalmente novo. Já era esperado que a nova temática fosse mais ligeira, mas não custava muito introduzir uma trama um pouco mais inspirada.

Em 2021 Endwalker foi tanto a sequela de Shadowbringers, a expansão mais apreciada de FFXIV, quanto a conclusão do primeiro arco narrativo do jogo. Obviamente, Dawntrail enfrentaria um desafio depois disso, e esta expansão tenta destacar-se dos seus antecessores exatamente pelo tom mais leve desejado pelos developers.

Wuk ‘Lame’

O objetivo já não é salvar o mundo, e isso permite alguma brincadeira ao longo da história. Como já referimos, isto resulta numa trama mais descontraída, focada na aventura e na descoberta de novas regiões, bem como no humor com várias sequências cómicas. Essa boa disposição é especialmente sentida através de Wuk Lamat, a verdadeira protagonista desta aventura, da qual somos mentores. Pela primeira vez, o Guerreiro da Luz não é o centro da história, tornando-se um personagem mais discreto, o que não agradará a todos.

As primeiras horas de Dawntrail são marcadas por muitas cenas cinemáticas e diálogos antes de entrar na ação propriamente dita. Por exemplo, é surpreendente que o primeiro calabouço só apareça relativamente tarde na progressão. A estrutura do ritual de sucessão, que nos leva a recuperar uma gema em cada aldeia descoberta, também se torna repetitiva muito rapidamente.

Felizmente, a segunda parte da aventura (repleta de referências a Final Fantasy IX) é completamente diferente do início, e é aí que a história descola para alcançar os níveis de interesse e emoção que o jogo nos habituou, tanto pelo cenário quanto pelos desafios. Mas talvez chegue demasiado tarde para animar a disposição dos jogadores.

Sem querermos revelar demasiado, o desfecho da história faz regressar todos os elementos que formam o charme de Final Fantasy XIV: muitas revelações, um antagonista com motivações credíveis, sequências emocionantes e, acima de tudo, batalhas épicas. Tudo isto já faz lembrar um pouco o estilo de Shadowbringers.

Embora comece claramente lenta, e isso desmotive ao inicio, a campanha principal de Dawntrail começa a ganhar alguma tração na segunda parte. De qualquer forma, esta não é de todo a melhor história de sempre por parte da Square Enix, e a batalha final acaba por desiludir um pouco, mas obviamente não vamos revelar porquê.

Mais longe e mais belo

Para além da nova aventura, a segunda razão principal para os jogadores de Final Fantasy XIV aguardarem ansiosamente por Dawntrail era, obviamente, a atualização gráfica. Com a versão 7.0, FFXIV entra numa nova era com gráficos completamente renovados para se alinharem aos padrões atuais. Até então, o MMORPG ainda exibia uma tecnologia datada de 2013, embora compensada por uma magnífica direção artística.

No entanto, é inegável que Final Fantasy XIV nunca esteve tão bonito como agora. Além dos ambientes mais detalhados e densos de conteúdo, esta atualização visual é especialmente notável nos personagens, sobretudo no nosso próprio avatar. Desde a primeira aventura, estamos habituados a ver esta figura que nos acompanhou durante tantos anos e horas de jogo, e que está agora sob uma nova luz, mais bela do que nunca. Esta melhoria gráfica é um verdadeiro sucesso e motiva-nos a explorar as zonas mais deslumbrantes das expansões anteriores. E isto é apenas a primeira parte desta reformulação massiva, e mal podemos esperar para ver o que vem a seguir.

Sem surpresas, onde esta atualização gráfica brilha mais é nas novas zonas. O continente de Tural, inspirado nos continentes da América do Norte e do Sul, oferece uma variedade de paisagens, desde uma selva que lembra a Amazónia, até um deserto que evoca os Estados Unidos, passando por cadeias de montanhas à semelhança dos Andes. Se já ficamos impressionados com as novas áreas da primeira parte do jogo, a última zona é ainda mais deslumbrante.

Já que estamos a falar de aspetos artísticos, não podemos esquecer a música. Como de costume, a composição fica a cargo de Masayoshi Soken. Depois dos temas épicos e emocionantes de Endwalker, Dawntrail apresenta músicas mais serenas e enérgicas quando necessário, resultando num trabalho igualmente bem-sucedido, embora mais discreto do que o habitual.

Jogabilidade Refrescada

Com uma nova expansão, surgem naturalmente novas profissões. Em Dawntrail, conhecemos Viper e Pictomancer. Ambos são destinados a DPS (damage per second) que, como o nome indicia, têm como papel principal causar danos massivos.

O primeiro é um lutador corpo a corpo, enquanto o segundo é um mago à distância. O Viper tem uma jogabilidade que depende de vários combos para obter bónus e aplicar buffs negativos ao alvo, antes de entrar numa fase de Burst onde causa o máximo de dano possível.

Já o Pictomancer é mais complexo, com magia baseada em duas tintas: a branca para feitiços fracos, mas rápidos, e a preta para ataques mais poderosos, mas lentos. Além disso, ele pode pintar monstros para atacar os seus adversários ou apoiar os aliados. Em resumo, é uma profissão um pouco mais subtil, mas extremamente satisfatória de dominar.

Apesar das diferenças fundamentais entre os dois trabalhos, eles têm pontos em comum. Ambos apresentam animações espetaculares: o Viper com movimentos ágeis e o Pictomancien com um estilo de desenho inovador. Além disso, os dois introduzem uma nova forma de jogar FFXIV. Alguns combos agora estão agrupados numa única tecla, tornando a jogabilidade mais acessível sem sacrificar a complexidade da profissão. Esperamos que, no futuro, as profissões antigas também sejam reformuladas nesse sentido.

A profissão Beastmaster também foi adicionada, mas apenas de forma limitada, com as mesmas restrições que Blue Mage já apresentava. Algumas profissões, como Astrologian, Monk e Ninja, passaram por mudanças significativas, outras 14 permaneceram inalteradas.

Pré-lançamento sem problemas

Em 2021, Final Fantasy XIV experimentou o acesso antecipado com o lançamento de Endwalker. Infelizmente, isso resultou em muitos problemas de servidores que impediram os jogadores de se conectarem ao jogo. Desde então, a empresa aprendeu com os erros, e o acesso antecipado de Dawntrail decorreu sem percalços, pelo menos nos servidores europeus.

Conclusão

Dawntrail traz muitas melhorias nos visuais e principalmente ao sistema de combate. Seja contra Bosses em masmorras (dungeons) ou desafios, a Square Enix conseguiu criar novos padrões que tornam os confrontos mais interessantes do que nunca. Além disso, encontraram um equilíbrio entre mecânicas relevantes e clareza, permitindo que os jogadores entendam rapidamente o que fazer sem consultar guias.

Veremos como isso vai ser refletido nos futuros raids, embora a dificuldade dos conteúdos épicos já se faça sentir no nível 100. Além disso, Dawntrail adiciona várias opções de qualidade de vida há muito tempo solicitadas pelos jogadores. Por exemplo, agora é possível usar várias tintas para personalizar ainda mais o equipamento. Embora seja difícil referir tudo, é evidente que a equipa de FFXIV está atenta ao feedback dos jogadores, e isso é o que todos desejam.

Mas nem tudo é perfeito. As Main Scenario Quests (MSQ), ou história da expansão propriamente dita, está num patamar inferior ao que estávamos habituados. Alguns personagens não estão tão bem escritos, como é o caso de Wuk Lamat, e a os objetivos das missões tornam-se repetitivos e desinteressantes muito rapidamente. Tudo é demasiado lento, e acabamos por sentir que as 40 horas, podiam ser contadas em apenas 10. No mínimo era desnecessária esta demora.

Isto pode à partida parecer um detalhe supérfluo, tendo em conta a quantidade de novidades, mas não podemos negar que a história é um dos destaques de qualquer expansão deste nível, e Final Fantasy XIV até é especialmente conhecido por ter melhores histórias que os seus concorrentes. Pelo menos as cutscenes estão ainda melhores do que as de Endwalker, em parte graças ao upgrade gráfico, mas também por uma melhor direção artística.

Dawntrail é uma expansão promissora que continua a tradição de qualidade de Final Fantasy XIV, e mesmo com uma campanha menos emocionante, os novos visuais, a extensão do nível máximo para 100, os dois novos trabalhos, e atividades como novas masmorras, raides, desafios e um modo de jogo, são novidades mais do que suficientes cativar os fãs.