/

A BioWare sempre fez jogos memoráveis. Quem não se lembra de Star Wars: The Old Republic? Mass Effect? Ou Dragon Age? Estes clássicos apresentavam histórias envolventes, com personagens cativantes e memoráveis, e histórias complexas que mudavam com base na maneira como jogávamos, fazendo jus ao slogan do estúdio, “histórias ricas, personagens inesquecíveis e vastos mundos”.

Recentemente, porém, a BioWare está a passar por uma fase complicada, e parece que o estúdio pode estar com alguns problemas. Depois de alguns títulos importantes de grandes franquias não terem tido o desempenho esperado, os especialistas em RPG saíram da sua zona de conforto e apostaram tudo no seu mais recente título que irá provavelmente decidir o futuro da empresa. Anthem não é apenas diferente dos jogos do género, é também diferente de qualquer coisa que o estúdio tenha desenvolvido até hoje. Se a aposta se revelar bem-sucedida, algo que esperemos que aconteça, pode dar à BioWare uma nova vida. Se falhar, talvez o futuro não seja tão otimista. Publicado pela Electronic Arts, Anthem promete entreter os jogadores por centenas de horas, ao longo de vários anos. A aposta está lançada.

Anthem

ANTHEM

Era uma vez um planeta sem nome, repleto de relíquias tecnológicas avançadas que utilizam uma fonte de energia omnipresente conhecida como ‘The Anthem of Creation’. Relíquias instáveis podem espontaneamente terraformar seções do planeta, mudar a vida selvagem, alterar o clima local, criar portais e gerar criaturas monstruosas. Alguns artefatos extremamente instáveis podem envolver uma área significativa com energias destruidoras, tempestades e criaturas, tornando estas regiões estéreis e inóspitas. Estes eventos são conhecidos como Cataclismos. A humanidade tem um conhecimento limitado sobre as origens destas relíquias, como funcionam e a extensão das suas habilidades, mas acreditam que foram criadas por uma raça divina chamada Shapers, que abandonou o planeta há milhares de anos por razões desconhecidas. O Anthem e os Shapers são referenciados por algumas pessoas como a fonte de toda a vida.

Neste mundo inacabado, a humanidade agora vive em pequenas colónias cercadas por muros fortificados. Fora da segurança das muralhas, lutam para sobreviver, enfrentando monstros nas áreas selvagens. Há uma fação da humanidade, conhecida como Freelancers, que opera em poderosos exércitos de exosuits Javelin, contratados para combater as ameaças da humanidade. É aqui que nos encaixamos e entramos na história de Anthem.

Estes soldados mercenários pilotam Javelins, armaduras de 2.7 metros, equipadas com propulsores de foguetes, lasers e outros instrumentos de destruição. Como Freelancers, podemos saltar de megaestruturas, cair em precipícios, disparar contra dezenas de escorpiões alienígenas, sem nunca tocar no chão. Como se não bastasse, ainda percorremos galerias submersas, invocamos relâmpagos eletrizantes, destruímos hordas de aranhas e saqueamos tesouros. Somos uma força imparável, e não estamos sozinhos.

Anthem
Anthem. Imagem: DR

Dizer que Anthem é apenas um shooter na terceira pessoa, é algo redutor. Este role-playing game ascende o seu género a um patamar que conjuga elementos de ação, aventura e fantasia, num mundo sci-fi cooperativo, com uma grande personalização de habilidades, armas e visuais, que permitem jogar à nossa maneira. Anthem pode ser diferente para todas as pessoas, oferecendo uma experiência única de acordo com os gostos e forma de jogar de cada jogador.

Num enorme mundo aberto, partilhado com outros jogadores, vamos lutar contra monstros de todas as formas e tamanhos, enquanto tentamos manter a humanidade segura.

Anthem chegou no passado dia 22 de fevereiro de 2019 para as consolas PlayStation 4, Xbox One e PC. Se preferirmos jogar no PC, Anthem suporta o uso do comando da Xbox One, se não quisermos jogar com o teclado e rato.

JOGABILIDADE

Depois de um cinematic que nos explica a história da criação do mundo de Anthem, somos imediatamente introduzidos na ação, com Faye, o nosso apoio técnico, a ajudar-nos nos primeiros passos introdutórios. Esta é a altura em que somos confrontados com a primeira missão e conhecemos alguns mecanismos da jogabilidade.

A primeira reação aos comandos e à fluidez do nosso herói foi muito positiva. Apesar de não sermos especialistas no jogo, afinal tínhamos acabado de entrar neste mundo pela primeira vez, não foi difícil habituar-nos aos controlos básicos para continuarmos a nossa missão.

Quando chegamos ao fim da primeira Expedition, recebemos os troféus e os pontos de experiência que conseguimos conquistar. No nosso caso, desbloqueámos o nosso primeiro Javelin, que teremos de escolher de entre as quatro classes iniciais de Anthem: Ranger, Colossus, Storm e Interceptor.

A esta altura podemos fazer salvage aos itens que recolhemos durante o nosso percurso, ou guardá-los para utilizar mais tarde.

Finalizada a fase pós-missão, somos levados finalmente a Fort Tarsis pela primeira vez, onde nos é apresentada a opção de criação de personagem. Lamentamos que a personalização do nosso herói seja limitada à aparência facial entre uma seleção de caras pré-definidas e, honestamente, pouco diversificadas.

Anthem
Anthem – Personalização da personagem. Imagem: DR

Fort Tarsis: O último reduto da humanidade silenciosa

Quando exploramos as ruas da última colónia da humanidade há uma característica que nos chama imediatamente à atenção, o silêncio ensurdecedor! É quase como se estivéssemos numa cidade fantasma, apesar de podermos ver muitas pessoas a falar e objetos a moverem-se. O som ambiente de Fort Tarsis é francamente mau, chegando a ser inexistente. Apesar de ouvirmos os pássaros, ou pequenos ruídos à distância, falta o som ambiente típico dos verdadeiros hubs de comércio e de interação social. Mesmo com o som no máximo, tivemos alguma dificuldade em ouvir os nossos passos.

Anthem
Anthem. Imagem: EA

Apesar do comércio estar lotado de clientes, parece que estão todos muito ocupados a não fazer nada. Simplesmente permanecem parados a olhar uns para os outros ou em falas curtas que somos incapazes de ouvir. Outro pormenor é a animação de alguns elementos que nos parece um pouco básica, repetindo a mesma ação vezes sem conta.

Sempre que estamos fora do nosso Javelin, a câmera muda para a primeira pessoa, dando-nos uma visão diferente do ambiente à nossa volta. Este pormenor é interessante, mas não achamos crucial. Talvez teria sido melhor empregue o tempo na melhoria dos ambientes, sons e animações dos habitantes do Fort Tarsis.

Depois de desbloquearmos o acesso ao Forge, podemos finalmente escolher a nossa classe. Entre as quatro classes iniciais, preferimos a classe Storm pelo seu potencial de evolução.

Anthem
Anthem. Imagem: EA

O Forge é o local onde podemos configurar o nosso exosuit, com novas habilidades, componentes, personalizar o visual do nosso fato, reciclar itens que não queremos guardar, equipar armas e muito mais.

Finalmente recebemos o nosso primeiro contrato. Foi-nos pedido que encontrássemos o Arcano Matthias Sumner. Na fase de briefing da missão podemos escolher se queremos um lobby público, onde outros jogadores podem participar, ou se preferimos jogar sozinhos, e a dificuldade dos nossos inimigos. Aqui, é importante salientar que o nível de dificuldade é proporcional à probabilidade de encontrarmos itens mais raros durante a missão.

HUD com estilo

A informação visível no ecrã, durante o jogo, é razoável, sem comprometer a visão do jogador. Não acrescenta ruído na imagem, bem pelo contrário, é um apoio crucial à nossa jogabilidade. No topo, a bússola indica a direção do nosso objetivo, a localização dos inimigos e outros pontos de interesse para a nossa missão, à esquerda figura a lista dos jogadores presentes no mesmo lobby e à direita o painel do nosso arsenal e a sua disponibilidade. Outras informações incluem o estado do nosso escudo e armadura, os objetivos da missão, as legendas se as tivermos ativas, e eventuais mensagens de itens ou conquistas desbloqueadas, ou itens recolhidos.

Mobilidade

Em Anthem tudo depende da mobilidade. Somos sempre compelidos a deslocar-nos para um determinado local. A nossa deslocação é auxiliada por guias no ecrã que indicam a direção correta para chegar ao próximo objetivo. Esta funcionalidade é imprescindível ou estaríamos muitas vezes perdidos no enorme mapa de Anthem. Entre escarpas, lagos, florestas, grutas e caminhos submersos, passamos a maior parte do tempo a deslocar-nos de um lado para o outro. Anthem oferece várias formas de mobilidade, cada uma com vantagens únicas.

Anthem
Anthem. Imagem: DR

Corre, Freelancer corre!

Se o nosso Freelancer já corre a uma velocidade generosa sem necessitar de qualquer apoio mecânico, os jatos que tem incorporados no seu Javelin permitem-lhe atingir velocidades impressionantes. Apesar de não ser necessária uma perícia extraordinária para controlar a direção do movimento, ainda assim somos obrigados a reiniciar o ‘sprint’ se esbarrarmos num obstáculo, algo que muitos jogos ignoram, mas Anthem incorpora esse pequeno detalhe. Não faz sentido o nosso personagem correr indefinidamente, além de atribuir um certo realismo e desafio, que pode ser crucial em situações de maior perigo, diferenciando quem faz melhor uso desta habilidade.

Duplo salto em altura

Saltar é um atributo comum nos jogos de ação, mas em Anthem, o nosso Freelancer pode saltar duas vezes consecutivas no ar com apoio dos jatos. Mesmo que o duplo salto não nos eleve o suficiente no ar para atingirmos uma plataforma, o nosso herói poderá agarrar-se a uma extremidade, fazendo o resto do trabalho por nós.

Voar como uma águia

Um dos métodos de deslocação mais frequentes em Anthem é o voo. Um sistema absolutamente necessário para chegar a locais remotos ou de difícil acesso, mas sempre com cuidado ou podemos sobreaquecer os jatos do fato e ficarmos reféns de um período ainda alargado de arrefecimento. Voar é razoavelmente simples. Não foi necessário muito tempo até dominarmos este método de deslocação. Se no movimento ascendente os jatos aquecem e podem parar, descer no ar faz arrefece-los. Esta dinâmica permite-nos voar indefinidamente. Para nos ajudar a ter uma melhor perceção do aquecimento destes jatos, existe uma barra informativa no ecrã. Deixamos uma dica. Em ambientes frios ou debaixo de chuva, os jatos são imediatamente arrefecidos.

Se fizermos uma curva mal calculada, e formos contra uma parede ou cairmos no chão, o nosso Javelin protege-nos de receber qualquer dano, algo que torna a aprendizagem do voo menos desafiante, não conferindo qualquer risco voar às cegas e de forma atabalhoada, não recompensando a habilidade do jogador. Por outro lado, se atingirmos um obstáculo, somos forçados a cair, sem possibilidade de recuperar o voo durante a queda.

Se voar pode dar-nos mais mobilidade, durante o processo de voo somos impedidos de usar armas. Para isso, somos forçados a parar em pleno voo, o que pode ser uma vantagem nos confrontos com alguns inimigos. Também aqui, o aquecimento dos jatos é um problema, limitando o tempo que podemos permanecer imóveis no ar. Debaixo de chuva ou em ambientes frios, recebemos a informação de ‘arrefecimento’, permitindo-nos utilizar os jatos sem limite de tempo.

Existe ainda a possibilidade de mergulhar na água e deslocar-nos a alta velocidade enquanto submersos, apoiados pelos jatos do nosso fato. Aqui não existe qualquer tipo de sobreaquecimento, porém a barra indicadora que antes informava o grau de aquecimento dos jatos, agora dá-nos a informação do oxigénio disponível.

MODOS DE JOGO

A primeira oferta no jogo são as Expeditions, oferecidas em forma de contratos que podem ser adquiridos no Fort Tarsis, falando com os habitantes da cidade. Cada contrato estipula uma série de objetivos que o nosso Freelancer terá de cumprir para a conclusão da missão. É natural acumular vários contratos, fazendo com que apareça no mapa do jogo várias localizações de Expeditions. Felizmente, podemos escolher qual missão queremos completar primeiro, deixando para mais tarde aquelas que ainda não nos sentimos confortáveis.

Anthem
Anthem – Modos de jogo. Imagem: DR

Em alternativa, Anthem oferece alguns modos de jogo onde podemos ter uma experiência diferente, sem objetivos ou confrontos obrigatórios. Até à data de escrita desta análise, não encontrámos nenhuma forma de pvp, seja entre jogadores reais, no mapa livre, ou um eventual modo competitivo. O máximo de interação que os jogadores podem ter entre si é fazer renascer um colega de equipa através de uma transferência de energia.

A ausência de pvp nesta fase é compreensível. A BioWare está a perceber o impacto de cada classe no jogo, assim como o efeito que alguns itens possam ter num confronto entre jogadores. Acreditamos que a produtora venha a inserir um modo competitivo, mas terá certamente que fazer restrições de itens e provavelmente lançar alguns mais adaptados para este tipo de confronto. Uma dica importante é a existência de um rank de loadout do nosso Javelin. Este rank avalia a qualidade média dos itens configurados no nosso exosuit, e não tem qualquer propósito no jogo, a não ser informativo. Esta é uma técnica habitualmente usada em outros jogos do género para agrupar jogadores com o mesmo nível de loadout em lobbies multijogador.

Freeplay: o mundo aberto de Anthem

É aqui que entramos no gigantesco mundo aberto de Anthem, onde podemos andar livremente, recolher recursos valiosos da natureza e encontrar os preciosos baús que contêm os itens necessários para a nossa evolução. Encontrar estes menus é relativamente simples, uma vez que a sua localização parece ser fixa, embora nem sempre estejam presentes. No entanto, achamos que seria mais interessante se estes baús tivessem localizações aleatórias, algo que tornaria útil a capacidade de exploração e orientação, além de se tornar um maior desafio.

Uma maneira garantida de obter Baús em Anthem é completar os World Events e Strongholds. Enquanto os strongholds são um modo de jogo à parte, os world events aparecerão enquanto exploramos o mapa no modo freeplay.

A esta altura percebemos que este modo só serve para uma coisa, recolher itens indefinidamente. O número de pontos de experiência que ganhamos por completar world events é francamente reduzido, em comparação com as missões de contratos, e a dificuldade em encontrar itens raros põe em causa a viabilidade deste modo de jogo. Geralmente, a raridade dos itens que recolhemos está associado ao nível do nosso Freelancer e ao grau de dificuldade do jogo. Ser um novato em Anthem é um trabalho duro e a curva de recompensas é bastante longa. Para os jogadores mais ansiosos isto pode tornar-se um problema, mas os que insistirem e forem mais perseverantes, as recompensas acabarão por chegar.

Stronghold: a fortaleza

As fortalezas mais fortes do jogo são uma grande parte de Anthem que qualquer jogador vai querer repetir vezes sem conta, e são três a esta altura da nossa análise, a Tyrant Mine, The Temple of Scar e uma terceira que ainda não conseguimos desbloquear. Strongholds são missões lineares que podem ser jogadas com uma equipa de três amigos, ou através de um matchmaking aleatório onde nos juntamos a uma equipa de 4 jogadores. O objetivo da missão é simples. Devemos avançar sobre uma série de inimigos, dentro de uma fortaleza, até encontrar o boss final no fim do percurso. Embora a descrição possa indicar que se trata de uma missão fácil de concluir, a quantidade de inimigos e a dificuldade de Grandmaster não se revela uma tarefa nada fácil. Talvez por isso, esta dificuldade esteja bloqueada a jogadores abaixo do nível 30, mas uma vez atingido este patamar, é altamente recomendável tentar ultrapassar as fortalezas neste nível de dificuldade, uma vez que as recompensas são muito vantajosas.

Se pode parecer algo injusto para os jogadores menos habilidosos, é importante lembrar que os strongholds estão bloqueados aos novos jogadores e apenas podem ser revelados à medida que avançamos nas missões da história principal. Numa altura em que atingirmos um certo nível de experiência e um Javelin poderoso, vencer o stronghold deixa de ser uma questão de habilidade, mas um desafio e trabalho de equipa.

Quickplay: uma missão aleatória

Este modo permite-nos entrar imediatamente em Expeditions de outros jogadores, dando um auxilio extra e permitindo-nos repetir missões anteriores. Para os jogadores mais evoluídos, que porventura já tenham completado todas as missões da história de Anthem, esta é a única forma de voltar a repeti-las. A vantagem, para além de podermos reviver a experiência, dá-nos a possibilidade de jogar em conjunto com outros jogadores e recolher alguns items pelo caminho.

Anthem
Anthem. Imagem: DR

Felizmente, a recolha de itens é individual, não sendo possível que os jogadores mais experientes possam boicotar o esforço dos novatos. Este é um ponto muito positivo em Anthem e algo raro nos dias de hoje.

AS CLASSES DE ANTHEM

No total, existem quatro classes de exosuits Javelin em Anthem: Ranger, Colossus, Interceptor e Storm. As quatro classes possuem armas, habilidades e componentes exclusivos. No inicio do jogo começamos com um Javelin do tipo Ranger, que usamos durante a primeira Expedition. Mais tarde escolhemos a classe que preferimos, mas embora esta decisão possa parecer importante, na verdade não o é. No decorrer do jogo, à medida que atingirmos um nível maior de experiência, podemos desbloquear as restantes classes e trocar entre elas sempre que nos apetecer. Se a existência de classes não é uma característica nova nos jogos RPG, já a possibilidade de conseguirmos usar todas as classes, faz perder o sentido único de cada uma e a especialização de cada jogador. Seria mais interessante manter a mesma classe que escolhemos no inicio do jogo, obrigando a uma maior sinergia entre jogadores de diferentes classes para a conquista de certos objetivos.

Anthem
Anthem – Classes. Imagem: DR

Os exosuits também são personalizáveis. Cada exosuit permite ter até três tipos diferentes de habilidades ativas. Estas habilidades estão divididas em categorias, normalmente duas de ataque e uma de suporte. Cada fato suporta ainda vários componentes que servem como upgrades passivos de escudo e armadura. Esta funcionalidade é desbloqueada à medida que progredimos no jogo, e devem ser pensadas com alguma inteligência, já que definem enormemente o nosso potencial como Freelancers.

Anthem
Anthem – Forge. Imagem: DR

Falta ainda dizer que o nosso Javelin pode ter um aspeto ajustado ao nosso gosto, com a personalização visual do exosuit. Embora o fato não mude de forma, podemos acrescentar vários adereços e armaduras com desenhos únicos, mostrando aos outros jogadores o nosso próprio estilo!

É aqui que entram as microtransações. A loja dentro do jogo permite-nos adquirir novos conjuntos de armadura para os quatro Javelins em troca de uma quantia de Coins, a moeda do jogo.

Ranger

O Javelin do tipo Ranger é o exosuit com o qual todos os jogadores de Anthem começam. É a mais versátil das quatro classes. As duas slots de armas podem transportar metralhadoras, pistolas ou espingardas. A habilidade especial corpo-a-corpo provoca danos devastadores, graças a uma quantidade excessiva de voltagem que é infligida nos inimigos.

Colossus

Este Javelin já é conhecido do público, graças à sua aparição num trailer do jogo. É o mais resistente dos exosuits, capaz de suportar uma gigantesca quantidade de dano. É especialista em armamento pesado, e embora não seja tão ágil e elegante como outros Javelins, tem a vantagem adicional de estar melhor protegido com armaduras mais espessas e algumas armas incrivelmente poderosas. Este é o único Javelin capaz de equipar lançadores de fogo e lançadores de rockets.

A sua especialidade é o Heavy Smash, que faz elevá-lo no ar para provocar um enorme impacto no chão, eliminando os inimigos mais fracos e fazendo tombar os mais resistentes, deixando-os vulneráveis a qualquer ataque.

Interteptor

É o mais ágil de todos os Javelins. Certamente não é o mais forte, mas é o mais rápido, capaz de aproximar-se rapidamente de qualquer inimigo, infligir dano massivo com os seus punhais duplos, e fugir novamente antes que ele reaja. É o especialista em exploração, localização e missões furtivas. Transporta qualquer tipo de arma, à exceção das armas pesadas.

Storm

Como em todos os jogos RPG há sempre um mago, e em Anthem, a classe Storm é o nosso Merlin de última geração. Com um poder defensivo algo limitado, é capaz de infligir um dano massivo a longas distâncias. A luta corpo-a-corpo não é o seu forte, por isso as habilidades à sua disposição são geralmente de efeito por zona e à distância.

CRAFTING DE ITENS

Como em muitos jogos baseados em coleta de itens, Anthem inclui seis diferentes raridades que determinam a qualidade do equipamento encontrado, desde Common, Uncommon, Rare, Epic, Masterwork e Legendary. Estes itens podem ainda ter inscrições que afetam vários atributos, como o tempo de voo, a munição transportada e muito mais. Quanto maior a raridade, mais inscrições aparecem no equipamento encontrado.

Itens Legendary e Masterwork são os mais interessantes que Anthem tem para oferecer, com vantagens e habilidades únicas. No entanto, a diferença entre eles é subtil. Os itens das duas raridades vêm com as mesmas vantagens, mas os Legendary são muito mais raros e têm melhores estatísticas e inscrições.

Embora este sistema não seja novo, o método já era usado em Diablo 3, atribui algum desafio ao jogador, recompensado quem mais se dedica à construção do seu Freelancer.

Se alguns destes itens são exclusivos a cada classe de Javelin, a lista atualmente conhecida é francamente pequena, fazendo com que o valor de cada item seja menor. Além disso, muitos jogadores foram premiados com itens Legendary durante eventos de promoção do jogo, algo que discordamos e não achamos fazer sentido. Seria muito mais interessante, e justo, que os itens fossem conquistados no jogo e a oferta fosse esmagadora até existirem itens cuja raridade fosse quase impossível de obter. Tornaria o desafio muito mais interessante e provocaria muita especulação sobre esta característico do jogo.

Explorar o mapa no modo Freeplay permite-nos recolher uma grande quantidade de itens, mas infelizmente não nos é dada nenhuma informação do item que acabámos de encontrar, nem sequer existe nenhum menu que nos mostre todos os itens recolhidos até ao momento. Para vermos tudo o que conseguimos juntar, temos de sair do mapa e voltar ao Forge, onde podemos reciclar os itens em troca de materiais para crafting. Com um generoso limite até 250 unidades, podemos perder horas a organizar todos os itens da nossa coleção.

Armas

As armas, tal como os itens, podem ser encontradas durante missões ou em freeplay, e vêm em diferentes raridades. O nível de poder geral do Javelin é determinado essencialmente pela raridade das nossas armas, à frente das habilidades e componentes escolhidos. Assim, as armas mais poderosas, não só dão mais dano durante os confrontos, como aumentam o poder base do próprio Javelin.

Em Anthem, ao contrário de outros jogos, não existem missões que nos garantam uma arma especifica como recompensa, no entanto a probabilidade de encontrar uma arma de raridade superior parece estar indexada ao nível de dificuldade, sendo o modo Stronghold o local mais provável para as encontrar.

A LOJA ONLINE

Sim, há compras de microtransações disponíveis em Anthem. A loja do jogo permite-nos adquirir novos conjuntos de armadura para os quatro Javelins, emotes, texturas, decalques, consumíveis e partes de itens. Apesar da moeda do jogo, a Coin, poder ser adquirida livremente, através da conclusão de Expeditions, ou em baús e missões no modo Freeplay e Strongholds, também existem as Shards (níqueis), a moeda premium comprada com dinheiro real.

Os itens em destaque na loja do jogo vão mudando ao longo do tempo, mas a oferta parece-nos francamente reduzida. Entre seis opções disponíveis, se nenhuma for do nosso agrado, temos de esperar uma nova atualização, o que pode ser desmotivante. Esta seria a altura ideal para juntar mais algumas Coins, já que não são nada fáceis de ganhar, tendo em conta o preço dos itens.

Anthem
Anthem – Loja. Imagem: DR

Todos os itens adquiridos na loja online podem ser usados no Forge, onde é possível personalizar a aparência do nosso Javelin. Se formos daqueles jogadores que preferem conquistar tudo pelo suor e lágrimas, a boa notícia é que todos estes itens podem ser ganhos simplesmente jogando Anthem. A loja apenas dá-nos uma maneira mais rápida de os colecionar.

Uma coisa importante a realçar é que cada item na loja Anthem pode ser comprado com a moeda Shard e a moeda do jogo Coin. Embora seja possível ganhar Coins jogando Anthem, os Shards, novamente, permitem o acesso aos itens de uma forma menos dolorosa.

OPÇÕES PARA TODOS OS GOSTOS

Uma das principais características que vemos como essenciais em qualquer jogo é a quantidade de opções de configuração que este permite. Mudar a resolução do ecrã, escolher as teclas que preferimos jogar ou mesmo ativar os tutoriais e dicas durante o jogo podem ser pouco interessantes para alguns jogadores, mas não deixa por isso de completar o jogo de uma forma muito positiva. O Anthem chega mesmo ao detalhe de permitir escolher se queremos ver a câmera a abanar conforme caminhamos, quando estamos fora do nosso Javelin. Pode parecer um pouco exagerado, mas é esta atenção aos detalhes que fazem a diferença entre um menu de opções padrão e um bom menu muito completo que nos permite configurar o jogo ao nosso gosto. Se estes elogios não bastassem, ainda devemos assinalar o aspeto gráfico do menu, bem organizado e intuitivo, com um design moderno e atraente, uma imagem de marca da Electronic Arts.

Anthem
Anthem – Menu de opções. Imagem: DR

Algo que a Electronic Arts também nos habituou mal foi a antiga localização em português, uma vantagem para quem tem dificuldade nas línguas estrangeiras. Estranhamente deixou de o fazer nos seus jogos, desde há uns anos para cá. Se podemos entender esta opção pelo reduzido mercado nacional, tendo em conta o resto do mundo, a língua portuguesa, ainda assim, merecia algum destaque. A revista Babbel classifica a língua portuguesa como a nona mais falada no mundo (dados de março de 2019, em www.babbel.com/en/magazine/the-10-most-spoken-languages-in-the-world/), à frente do alemão ou italiano, que estão incluídas como opções de áudio no jogo. Além destas, Anthem inclui ainda o inglês, francês e espanhol. Já em texto, encontramos o português do brasil, e mais 11 idiomas disponíveis. Também há diferenças quando analisamos as várias versões geográficas de Anthem. A título de exemplo, a versão americana não suporta a língua árabe.

GRÁFICOS E SOM

Anthem é um belo jogo, mas exigente ao nível gráfico, que testará os computadores da maioria dos jogadores até ao limite, se quisermos executá-lo nas configurações máximas. A menos que tenhamos um supercomputador, não há necessidade de definir as opções gráficas no modo Ultra para apreciar os belos cenários que Anthem tem para oferecer. Obviamente que encontramos algumas diferenças entre qualidades gráficas diferentes, mas que nada interferem na experiência de jogo, nem nas conquistas que podemos atingir.

Anthem
Anthem – Diferenças gráficas. Imagem: DR

Apesar de Anthem ainda não suportar a nova tecnologia Ray Tracing da NVidia, já incorpora o novo sistema DLSS, introduzido nas placas RTX, que permite usar resoluções maiores sem perda de fps em jogos com grande exigência gráfica. Esta inovação faz de Anthem um dos jogos mais avançados a nível gráfico.

Se não quisermos mexer em nenhuma das configurações gráficas, podemos utilizar as predefinidas, disponíveis em Baixa, Média, Alta e Ultra. Para esta análise, comparámos as resoluções Ultra e Baixa, com algumas diferenças notórias, como seria de esperar, mas ainda assim a jogabilidade foi fluida em ambas as qualidades gráficas. A qualidade das texturas mostra diferenças visíveis, enquanto o número de polígonos dos modelos é praticamente inalterado. Na luminosidade, verificámos diferenças notórias nas superfícies refletivas, sem qualquer alteração de fps. A maior diferença é vista na quantidade de vegetação. Na qualidade Ultra a quantidade de vegetação é significativamente maior, tornando o mundo mais vivo e natural.

Anthem
Anthem – Diferenças gráficas. Imagem: DR

O ambiente de Anthem é surpreendente. Com paisagens de cortar a respiração, cada detalhe foi pensado ao pormenor, e nem a vida selvagem foi esquecida. Por vezes somos levados a parar no meio do mapa para contemplar o cenário. Fort Tarsis, o último reduto da humanidade, tem pormenores igualmente deliciosos. Apenas lamentamos que seja um hub pequeno, com ambientes semelhantes em todas as áreas.

A banda sonora, composta por Sarah Schachner, é um hino aos jogos do género. Com uma melodia que faz jus ao poder dos Freelancers, é completamente instrumental, com uma sonoridade intensa e empolgante. Os efeitos sonoros de Anthem são adequados e não comprometem. A única critica a salientar é a quase ausência de som em Fort Tarsis, um problema que esperamos ansiosamente que a BioWare resolva numa próxima atualização.

E O FUTURO DE ANTHEM?

O Anthem pode ainda ser um jogo recente, mas a EA já adiantou que novo conteúdo irá chegar em breve. Apesar de não revelar que conteúdo seria esse, acreditamos que venha a aumentar o nível máximo do jogador, mais armas, armaduras e novos strongholds, para além de um modo competitivo, atualizações nas classes, novas habilidades, mais componentes e itens de crafting.

Também não era surpreendente que Anthem viesse a receber mais mapas e áreas em Fort Tarsis com acesso a novas histórias e mais missões, ou mesmo um novo hub. É habitual os jogos do género RPG terem uma longevidade duradoura, e nem faria sentido a EA lançar tudo de uma só vez. Esta análise prova isso mesmo, sendo impossível realizar uma descrição deste enorme jogo sem primeiro conhecer todas as vertentes da sua jogabilidade, e isso só se consegue depois de muitas horas em frente ao ecrã, como aliás é habitual nas nossas análises, aqui no Actigamer.

VEREDITO

Com uma aposta tão forte da BioWare, seria de esperar que Anthem fosse um marco nos shooters RPG, e a verdade é que pode mesmo ser o melhor dentro do seu género. É certo que veio acompanhado de graves problemas no seu lançamento, que, entretanto, têm vindo a ser corrigidos pelo estúdio, nem sempre para agrado dos jogadores que abusavam de certas fragilidades do jogo para seu beneficio.

Polémicas à parte, no ponto de vista técnico, Anthem é muito competente. Não é só um bom jogo RPG. Claro que tem elementos de RPG, dentro de um universo multijogador, mas também pode oferecer uma experiência completamente solitária, e sem muitas preocupações com a escolha de habilidades ou itens. Visualmente é um jogo muito atraente, com planícies e paisagens cheias de cor e vida, onde não faltam os monstros alienígenas e plantas exóticas. Com cenários credíveis, a banda sonora complementa a experiência. Os efeitos sonoros estão ajustados e aumentam a imersão. Um ponto negativo que devemos salientar é o trabalho realizado no Fort Tarsis, que apresenta um potencial muito pouco explorado, e quase parece estranho fazer parte do mesmo jogo, tendo em conta a sua importância como hub principal da jogabilidade.

Anthem obriga a uma ligação constante à Internet, que nos permite completar toda a campanha principal sempre acompanhados de amigos ou estranhos, graças ao sistema de matchmaking automático para cada atividade. Os tempos de loading e o próprio matchmaking não comprometem o fator de diversão, e mesmo nesta fase inicial do jogo, não sentimos quaisquer problemas de ligação com os servidores da Origin.

Anthem faz-nos sentir confiantes logo desde o inicio. A sensação de poder é sentida quando voamos sobre hordas de aranhas alienígenas, atiramos granadas destruidoras ou invocamos habilidades mágicas dignas de um deus da guerra. Somos poderosos e invencíveis! E é tudo graças à nossa armadura Javelin, tão forte e imparável que parece ter sido desenhada pelo próprio Tony Stark. Anthem pode não estar completo, mas nenhum jogo desta magnitude atinge a maturidade tão cedo. Sabemos o provável caminho que tem pela sua frente, só lamentamos o tempo que vamos ter de esperar. O destino de Anthem está nas mãos da BioWare, e os próximos meses serão cruciais para definir o sucesso desta sua derradeira aposta.

Esta análise foi baseada numa versão para PC.