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As naves espaciais talvez nunca tenham passaram de moda, e o estúdio alemão Fishlabs acha o mesmo. Chorus é o mais recente projeto deste estúdio sediado em Hamburgo, e também o mais ambicioso. Mas não fossem eles já especialistas em shooters espaciais, principalmente para dispositivos mobile, ficaríamos mais preocupados. Depois de já se terem afirmado com a série Galaxy on Fire, chegou a altura de arriscar uma viagem nas consolas e PCs. Será esta uma transição assim tão fácil?

Com tiros laser, veículos espaciais e explosões no vácuo do espaço, Chorus tem um pouco de tudo o que compõe uma boa opera espacial, e talvez até uma boa dose de nostalgia, mas será que é suficiente para convencer? Para descobrir mais sobre esta aventura, fomos até aos confins do universo para salvar o que resta da humanidade.

Análise Chorus

Como já dissemos, Chorus é um shooter espacial, e essa é uma característica que destacamos até mesmo antes de começar a jogar. Este género já dominou o mundo dos videojogos, com clássicos como Wing Commander, Star Wars: X-Wing ou Tachyon, que para além das consolas e pcs domésticos, ainda preenchiam as salas arcade. Nas ultimas décadas essa situação mudou completamente, e os jogos inspirados num universo futurista espacial tornaram-se cada vez mais raros. A razão deste desaparecimento deve-se provavelmente ao sucesso dos jogos de mundo aberto e fantasia, e apenas mais recentemente vemos novos projetos que se misturam aos géneros espacial e sci-fi, como Star Citizen, Elite Dangerous ou No Man’s Sky.

Dentro do jogo, Chorus parece conseguir trazer de volta alguma dessa nostalgia, mesmo sem nunca sair da nave espacial. Apesar de ser sempre melhor quando lutamos contra imensos adversários em simultâneo, Chorus também tem uma história, e neste aspeto é bastante cliché.

O foco da narrativa está em Nara, uma talentosa piloto com um passado sombrio. Nara já foi membro do ‘Circle’, o banal grupo de vilões encabeçados por um ‘Great Prophet’, que obviamente quer controlar o universo. A nossa protagonista era uma das armas mais eficazes deste grupo, até que um dia se vê forçada a destruir um planeta.

Chocada com as suas próprias ações, Nara afastou-se do Circle. No entanto, a piloto não consegue fugir das suas responsabilidades por muito tempo, e o seu destino volta a cruzar-se com o grupo criminoso. Agora, o seu objetivo é eliminar a organização para sempre.

Embora não seja surpreendente, a história de Chorus ainda consegue ser divertida.

Tunning Espacial

Já longe do refrão principal, é durante as batalhas, na vastidão do espaço, que Chorus mostra todo o seu potencial. É um prazer voar com a nave de Nara e dificultar a vida aos seus inimigos, seja com as armas Gatling, raios laser ou mísseis. Os controlos foram bem conseguidos, e após um curto período de habituação, já usamos a função de drift (no espaço), a troca rápida de armas, ou as diferentes habilidades da nossa heroína. Com esta aparente simplicidade, Chorus mantem-se fiel aos antigos clássicos, mas acrescenta umas nuances de modernidade.

Durante a nossa jornada pelo universo, podemos desbloquear inúmeras melhorias e armas para a nossa nave espacial. Existem diferentes aspetos a focar, por exemplo, podemos maximizar o dano, ou talvez apostar numa ‘build’ mais defensiva, com altos valores de escudo e estrutura base. A configuração pode ser ajustada a qualquer momento no menu, e novas peças vão ficando disponíveis ao completar missões, enquanto outras podem ser compradas nas estações espaciais.

Bla bla bla!

Chorus também tem os seus momentos frustrantes, principalmente no que se refere às lutas de Bosses a meio e final do jogo. Depois de montarmos a nave mais poderosa que conseguimos, esperávamos um inimigo desafiante para testar a teoria. Infelizmente, estas lutas espaciais não são assim tão “especiais”. Para além disso, os diálogos nesses momentos não são só longos demais, mas também por vezes incrivelmente confusos. Felizmente, estes ‘bosses’ ocupam apenas uma muito pequena parte do jogo, mas deixam um gosto um pouco amargo. Os ataques a naves maiores, que podem ser destruídas quase peça por peça, acabam por ser bem mais divertidos.

Deixamos um pequeno reparo para os infelizes pontos de gravação, que por vezes obriga-nos a ouvir os diálogos repetidamente, para além do exagero de marcações de ajuda no ecrã durante as batalhas.

Uma interface mais simples poderia ter sido usada para garantir uma melhor visão geral, e iria ao encontro do estilo de jogabilidade típico de um shooter Sci-Fi.

O Infinito do Espaço

Na nossa caça pelo ‘Great Prophet’, podemos visitar diferentes locais na galáxia, que são conectados por portões de salto, e obviamente um pequeno ecrã de carregamento. Cada área oferece um espaço de voo aberto, que para além das missões principais, também foi preenchido com missões secundárias e eventos aleatórios.

Se não tivermos nada para fazer, ou precisarmos de viajar uma longa distância para chegar ao próximo ponto relevante na história, podemos sempre desfrutar da “vastidão” considerável do espaço, que é naturalmente preenchida com os habituais campos de asteroides ou destroços de batalhas anteriores.

Durante essas viagens, também podemos ouvir os diálogos entre Nara e a sua nave-espacial falante, Forsaken. Sim, a nave fala, mas no género Sci-Fi quase tudo é possível. Afinal de contas, estamos no espaço a disparar lasers enquanto viajamos entre as estrelas.

Chorus

Em geral, Chorus deixa uma impressão positiva, e às vezes até melhor do que razoável. Na PlayStation 5, consola onde jogámos, ficámos surpreendidos com os muitos detalhes e efeitos no mundo de jogo. A Fishlabs nem se esqueceu de colocar um modo de fotografia.

Já os detalhes faciais do personagem principal Nara, por vezes são um pouco piores nas poucas cutscenes desta aventura. Talvez até pudéssemos esquecer alguns destes detalhes com a inclusão de um modo multijogador, mas isso não aconteceu.

Por fim, temos de referir que Chorus tem duas opções gráficas, uma de qualidade e outra de desempenho. A primeira bloqueia o jogo nos 30fps, e a segunda permite atingir os 60, pelo que para um jogo tão movimentado, parece a escolha mais obvia. Estranhamos esta separação, especialmente quando jogado na poderosa PlayStation 5. Talvez faça mais sentido na versão para PC, de forma a garantir uma maior compatibilidade.

Conclusão

Chorus é claramente melhor quando tudo está em movimento, e menos interessante quando se trata da história. As batalhas são rápidas, engraçadas e a agilidade da nave espacial melhora ainda mais essa experiência.

As lutas de Bosses até podem ser mais paradas, e a história previsível, mas pelo menos não podemos dizer que não seja divertido. As numerosas missões principais e secundárias fornecem material para muitas horas de jogo, e visualmente, Chorus também apresenta um bom nível.

Por tudo isto, Chorus acabou por ser uma pequena boa surpresa. Quem procura um shooter espacial divertido, com controlos simples, mas precisos, certamente vai ficar mais do que satisfeito com esta adventura no espaço.

[Análise baseada na versão de Chorus para PS4, gentilmente cedida pela playandgame.pt]