A Reader’s Digest conduziu um a experiência social para descobrir quais as cidades onde os seus habitantes são os mais honestos, e onde encontramos os menos honestos.
A experiência resume-se a uma simples metodologia. Foram ‘perdidas’ 192 carteiras em várias cidades ao redor do mundo. Cada carteira continha um nome, um número de telemóvel, uma foto de família, cupões, cartões de visita e dinheiro, equivalente a 50 euros. Em 16 cidades visitadas, foram ‘largadas’ 12 carteiras em parques, perto do centros comerciais e nas calçadas. Quantas carteiras foram devolvidas? Quais as cidades mais honestas? Descobre em baixo o resultado da experiência.
Mais honesto: Helsínquia, Finlândia
Carteiras devolvidas: 11 de 12
Lasse Luomakoski, um empresário de 27 anos, encontrou a carteira no centro da cidade. “Os finlandeses são naturalmente honestos”, disse ele. “Somos uma comunidade pequena, tranquila e muito unida. Temos pouca corrupção e nem passamos o sinal vermelho.” Na área da classe trabalhadora de Kallio, um casal na casa dos sessenta disse: “É claro que devolvemos a carteira. A honestidade é uma convicção interna.”
Mumbai, Índia
Carteiras devolvidas: 9 de 12
Rahul Rai, um editor de vídeo de 27 anos, disse: “A minha consciência não me deixava fazer de outra forma. Uma carteira é muito importante, com muitos documentos importantes.” Vaishali Mhaskar, mãe de dois filhos, devolveu uma carteira deixada no correio. “Ensino os meus filhos a serem honestos, assim como os meus pais me ensinaram”, disse ela. Mais tarde naquele dia, três jovens encontraram uma carteira e telefonaram imediatamente.
Budapeste, Hungria
Carteiras devolvidas: 8 de 12
Regina Györfi, de 17 anos, ligou para o número de telemóvel numa das carteiras imediatamente após encontrá-la num centro comercial. Ao relembrar um caso anterior, disse: “Uma vez, estava no carro, quando o meu pai notou uma carteira à beira da estrada”, disse ela. “Quando chegámos ao dono, ele ficou muito agradecido: sem os documentos na carteira ele teria de adiar o casamento, que seria no mesmo dia!” No entanto, na mesma cidade, uma mulher de sessenta e poucos anos abriu a carteira e entrou num prédio próximo. Nunca ouvimos falar dela.
Nova Iorque, EUA
Carteiras devolvidas: 8 de 12
Richard Hamilton, um funcionário público de 36 anos de Brooklyn, encontrou uma carteira perto da Câmara e levou-a até ao seu dono. “Toda a gente diz que os nova-iorquinos são hostis, mas na verdade são pessoas muito simpáticas”, disse ele. “Acho que ficarias muito surpreso ao ver quantos nova-iorquinos realmente devolveriam uma carteira.” Nem todos os nova-iorquinos foram tão honestos: um homem, na casa dos 20 anos, tirou o dinheiro da carteira para comprar cigarros numa loja de conveniência. No entanto, uma das duas jovens de 17 anos que encontraram a carteira explicou a sua motivação para entrar em contacto: “Folheei todos os papéis e vi a foto de família e pensei: ‘Ah, ele tem dois filhos. Temos de devolver isto'”. Outro cidadão disse: “É tão fácil ser cínico. Mas, especialmente depois do 11 de setembro, parece que somos mais amigos uns dos outros”.
Moscovo, Rússia
Carteiras devolvidas: 7 de 12
Perto do jardim zoológico do centro da cidade, Eduard Anitpin, um tripulante de ambulância, entregou a carteira perdida a um polícia. “Eu sou um enfermeiro e estou sujeito ao código de ética”, disse ele. “Os meus pais criaram-me como um homem honesto e decente.” Mais tarde, outro benfeitor disse: “Estou convencido de que as pessoas devem ajudar-se umas às outras e se eu puder fazer alguém um pouco mais feliz, assim o farei”.
Amesterdão, Holanda
Carteiras devolvidas: 7 de 12
Algumas pessoas que encontraram a carteira ficaram mais comovidas com os euros no interior do que com as fotos. Julius Maarleveld viu a carteira perdida e entrou numa loja de bebidas nas proximidades. O jornalista seguiu-o ao interior, quando Maarleveld disse: “Está aqui pela carteira? O balconista estava a ligar para o número agora mesmo… A minha esposa uma vez perdeu a carteira. Foi encontrada e devolvida. A honestidade não é maravilhosa?” Angelique Monsieurs, 42 anos, notou que a carteira tinha sido ‘largada’ no caminho para o supermercado e esperou que o dono saísse para a devolver.
Berlim, Alemanha
Carteiras devolvidas: 6 de 12
Seyran Coban, uma professora, agarrou na carteira ao mesmo tempo que um jovem, mas recusou-se a deixá-la. “Eu não confiei naquele jovem. Muitas vezes as pessoas tratam-me com honestidade e, se eu fizer o mesmo, é o que vou receber em troca”, disse ela. Abel Ben Salem, 46 anos, disse que devolveu a carteira porque, “Vi a foto da mãe com o seu filho. Uma foto como essa significa algo para o proprietário.” Mesmo assim, um homem de quarenta e poucos anos rapidamente agarrou na carteira, colocou-a no bolso e passou dez minutos a fazer telefonemas, uns atrás dos outros – nenhum deles para o proprietário.
Liubliana, Eslovênia
Carteiras devolvidas: 6 de 12
Manca Smolej, uma estudante de 21 anos, nunca considerou ficar com o dinheiro quando encontrou a carteira. “Não!” respondeu ela. “Os meus pais ensinaram-me como é importante ser honesto. Uma vez perdi uma mala, mas recuperei tudo. Sei bem como é.” Um homem de cinquenta e poucos anos agarrou a carteira, começou a telefonar, mas parou, entrou num carro caro e conduziu dali para fora.
Londres, Inglaterra
Carteiras devolvidas: 5 de 12
Ursula Smist, 35 anos, é originalmente da Polónia. Recuperou a carteira e entregou-a ao seu chefe. “Se encontrares dinheiro, não podes presumir que pertença a um homem rico”, disse o seu chefe. “Pode ser a última quantia de dinheiro que uma mãe tem para alimentar a sua família”.
Varsóvia, Polónia
Carteiras devolvidas: 5 de 12
Marlena Kamínska, 28 anos, pegou na carteira e entrou no autocarro. Três horas depois, ela ligou-nos depois de conversar com os colegas de trabalho. “Houve quem me aconselhou a não me preocupar em procurar o dono”, disse ela. “Mas eu pensei que alguém poderia precisar desesperadamente daquele dinheiro.” Quanto às outras sete carteiras, foram todas levadas por mulheres que nunca mais foram vistas.
Bucareste, Roménia
Carteiras devolvidas: 4 de 12
Sonia Parvan, uma estudante de 20 anos, encontrou a carteira e procurou o dono. “Eu sei como é perder a carteira. A minha mãe já a perdeu uma vez e não a recuperou”, disse ela. Outra jovem foi vista a pegar numa das carteiras, perguntar a dois transeuntes se era deles, depois examinou o conteúdo e colocou-a no bolso. Não houve notícias dela.
Rio de Janeiro, Brasil
Carteiras devolvidas: 4 de 12
Numa área comercial, uma mulher de quase 30 anos devolveu a carteira – sem nenhum dinheiro. Mas Delma Monteiro Brandão, de 73 anos, devolveu a carteira logo que a encontrou enquanto ia buscar a neta à escola. “Isto não é meu!” disse ela. “Na minha adolescência, comprei uma revista numa loja e saí sem pagar. Quando a minha mãe descobriu, ela disse-me que esse comportamento era inaceitável.”
Zurique, Suíça
Carteiras devolvidas: 4 de 12
Jeanette Baum, uma professora de música de 38 anos, descobriu a carteira e enviou emails e mensagens de texto para o dono, depois de ter telefonado, sem sucesso. “Eu sei o que é perder algo”, disse ela. “O ‘não saber’ é terrível. É por isso que respondi o mais rápido que pude.” Enquanto isso, um motorista de elétrico, de cinquenta e poucos anos, embolsou a carteira, apesar da empresa para onde trabalha ter um departamento de perdidos e achados.
Praga, República Checa
Carteiras devolvidas: 3 de 12
Petra Samcová recuperou a carteira e não hesitou em devolvê-la. “É algo que devemos fazer naturalmente”, disse ela. Não foi o caso para dois adolescentes num subúrbio, nos arredores de Praga, que guardaram a carteira na mochila e partiram de muito bom humor.
Madrid, Espanha
Carteiras devolvidas: 2 de 12
Beatriz Lopez, uma estudante de 22 anos, encontrou a carteira num bairro nobre do centro da cidade, com a sua amiga Lena Jansen, também de 22 anos. “Só queríamos devolvê-la”, disse ela. Jansen disse: “Eu não podia ficar com uma carteira que não fosse minha”.
Menos honesto: Lisboa, Portugal
Carteiras devolvidas: 1 de 12
Um casal de 60 anos viu a carteira e ligou imediatamente. Curiosamente, os dois não eram de Lisboa – vinham de visita da Holanda. As onze carteiras restantes foram levadas, com dinheiro e tudo.
O resultado final
Das 192 carteiras, apenas 90 foram devolvidas – 47 por cento. Ao examinar os resultados, descobrimos que a idade não prediz se uma pessoa será honesta ou desonesta; jovens e velhos guardavam ou devolviam carteiras; masculino e feminino eram imprevisíveis; e a riqueza aparente não parecia garantia de honestidade. Existem pessoas honestas e desonestas em todas as cidades.